Aprendizagem da Língua Portuguesa

Ensino da Língua Portuguesa na Educação Básica Brasileira

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Unidade 1 – Seção 2

Nesta webaula, vamos ver os fundamentos orientadores da definição dos objetivos de aprendizagem do componente curricular de Língua Portuguesa.

A Base Nacional Comum Curricular, publicada no ano de 2017, em consonância com as orientações curriculares anteriores, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), adota a perspectiva enunciativo-discursiva para o trabalho em língua portuguesa.

Essa abordagem caracteriza-se pelo estabelecimento dos gêneros discursivos como unidade de ensino, mantendo o alinhamento dos currículos com o discurso acadêmico para o ensino (SOARES, 2009).

Ao assumir a língua como discurso, pressupõe-se que pensar, comunicar-se, partilhar e construir visões de mundo são atividades sociais que estão intrinsecamente ligadas à linguagem e, por sua vez, ao texto e ao discurso. Assim sendo, essas ações estão diretamente associadas a um contexto, enunciado (gênero), texto ou discurso.

Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

A BNCC mantém, assim, a concepção inaugurada pelos PCN's, indicando que a organização dos conteúdos para o trabalho com a disciplina de Língua Portuguesa deve ter como finalidade a produção e a compreensão de discursos orais e escritos, denominados gêneros do discurso (BAKHTIN, 1997).

De acordo com a BNCC, a atividade discursiva, é composta por produtos que consistem justamente em enunciados ou gêneros discursivos que não dependem de extensão, conteúdo ou forma em sua organização, uma vez que formam um todo significativo.

Nesse contexto, a BNCC, assim como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que a antecederam, tomam por base, para o ensino e a aprendizagem de língua portuguesa, a incorporação de práticas baseadas nos diversos tipos de textos que circulam na sociedade.

A BNCC ainda avança e traz ao processo de ensino-aprendizado as especificidades da leitura e da escrita em ambientes digitais. Nesse aspecto, o documento dá especial atenção à multimodalidade, que consiste no ensino e na aprendizagem da leitura e da escrita, levando em conta, atualmente, a variedade dos modos de comunicação existentes.

Fonte: iStock

A BNCC traz novos componentes, relacionados ao impacto da tecnologia, às competências e habilidades que precisarão ser desenvolvidas nesse novo contexto. A inclusão dos novos gêneros expressa justamente isso. Certamente, isso também vai impactar no papel do professor, que deve ser o de alguém que compartilha conhecimento. Em muitos casos, o professor não será o único especialista no assunto, os alunos vão trazer seus conhecimentos e haverá uma troca, que será muito proveitosa (ROJO, 2017, p. 1-2).

Saiba Mais

A Base Nacional Comum Curricular é organizada, ainda, a partir de campos de atuação, os quais correspondem às áreas de uso da linguagem na vida cotidiana. Os campos de atuação têm por finalidade demandar protagonismo dos alunos desde os anos iniciais, enfatizando a necessidade de contextualizar as práticas de linguagem.

Veja a seguir os campos de atuação, sua delimitação e os gêneros textuais relativos a cada um deles.

A organização proposta para o Ensino Fundamental - anos iniciais - baseia-se, ainda, nos eixos
1. Eixo Oralidade
, 2. Eixo análise Linguística/Semiótica e 3. Eixo Leitura/Escuta.

Tal avanço coloca às escolas o grande desafio de incorporar e contemplar tais práticas de linguagem de modo crítico, de forma que não apenas atenda às muitas demandas sociais que convergem para um uso qualificado e ético tecnologias, mas, sobretudo, amplie o debate com a distintas demandas sociais que cercam essas práticas e usos. A esse respeito a Base Nacional Comum Curricular) nos diz:

As práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e multimidiáticos, como também novas formas de produzir, de configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir. As novas ferramentas de edição de textos, áudios, fotos, vídeos tornam acessíveis a qualquer um a produção e disponibilização de textos multissemióticos nas redes sociais e outros ambientes da Web. Não só é possível acessar conteúdos variados em diferentes mídias, como também produzir e publicar fotos, vídeos diversos, podcasts, infográficos, enciclopédias colaborativas, revistas e livros digitais etc. Depois de ler um livro de literatura ou assistir a um filme, pode-se postar comentários em redes sociais específicas, seguir diretores, autores, escritores, acompanhar de perto seu trabalho; podemos produzir playlists, vlogs, vídeos-minuto, escrever fanfics, produzir e-zines, nos tornar um booktuber, dentre outras muitas possibilidades.

BRASIL, 2017, p. 66

Assim, diante dessa discussão sobre os eixos de integração contemplados na BNCC de Língua Portuguesa, correspondem às práticas de linguagem: oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica (que envolve conhecimentos linguísticos - sobre o sistema de escrita, o sistema da língua e a norma-padrão -, textuais, discursivos e sobre os modos de organização e elementos de outras semioses).

Eixos organizadores propostos para o ensino de língua portuguesa, adaptado de Brasil (2017, p. 67-76):

A prática de análise e reflexão sobre a língua deve ser orientada para a melhoria da capacidade dos alunos em compreensão e produção de linguagem.

As situações didáticas relativas à compreensão da natureza do sistema de escrita alfabético e ortográfico, por exemplo, fazem parte do conteúdo de análise e reflexão sobre a língua.

A Base Nacional Comum Curricular para a educação tem como finalidade auxiliar as redes de ensino, pública e privada na elaboração de suas propostas curriculares.

Nessa perspectiva, a Base Nacional Comum Curricular dialoga com as produções curriculares e acadêmicas produzidas e compartilhadas no âmbito da formação de professores, a partir da publicação dos PCNs. O documento traz os gêneros textuais na centralidade na organização dos objetivos de aprendizagem da área, estruturados a partir da leitura, da escrita e da oralidade.

Fonte: iStock
  • Para finalizar, é preciso ressaltar que, embora a perspectiva discursiva para o trabalho com a linguagem faça parte das produções curriculares anteriores à publicação da Base Nacional Comum Curricular e já tenha sido compartilhada no contexto de formação de professores; ainda é preciso investir na atualização e na formação continuada desses docentes, a fim de consolidar ainda mais a compreensão de como organizar as situações de ensino e aprendizagem no âmbito das práticas de oralidade, leitura e produção de textos escritos.
Bons estudos!

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